30 Apr
30Apr

Nas últimas semanas, a sala de aula (via zoom) tem me presenteado com muitas questões interessantes. Elas revelam que dimensões sociopsicológicas e de relacionamento individual e grupal estão sendo hiper solicitadas e que (especialmente) a atuação gerencial vem se sustentando (muito mais) na capacidade de conviver com a ambiguidade e a incerteza.

Estamos diante de um evento extremo que causa rupturas nos modelos na área do trabalho e emprego, desafiando a forma como se faz negócios, como se faz gestão – processo decisório, liderança, aspectos regulatórios etc. e, obviamente, desafiando a capacidade de adaptação e de inovação de indivíduos, de empresas, de grupos sociais e de governos.

Muito antes dessa pandemia, pesquisas no campo da Psicologia Positiva e Inteligência Emocional, além de trabalhos de profissionais com larga experiência de mercado e pesquisas dedicadas ao exercício da liderança, já atestavam que a dimensão pessoal, nos planos mental e emocional, prepondera sobre aspectos técnicos, fórmulas e ferramentas. A vantagem competitiva das capacidades de resiliência já havia encontrado comprovação. As mudanças na dinâmica do trabalho advindas da pandemia de Covid-19 tornaram inequívoco que as competências de um profissional não se restringem aos aspectos técnicos, nem tampouco àqueles formais de coordenação e controle.

Esse cotidiano marcado por ambiguidade e incerteza apresenta desafios como ter que tomar decisões baseadas em informações (ainda) incompletas e ter que responder à necessidade de ação rápida para a solução de problemas, com o mínimo de afetação do equilíbrio dos indivíduos e da organização.

Além disso, o (novo) cotidiano dos profissionais e empreendedores é assombrado por perguntas que parecem obviamente (ainda) não ter respostas:

·      Como manter o equilíbrio emocional diante da pressão e do medo sem afetar de forma negativa a equipe?

·      Como manter a minha motivação e foco diante desse acúmulo de trabalho e novas tarefas em casa?

·      Como ter certeza de que o meu real potencial para contribuir com soluções e saídas está sendo percebido?

·      E, para aqueles que empreendem, o que fazer para a minha empresa sobreviver?

Diante dessa situação de desafios extremos é preciso desenvolver resiliência.

É preciso buscar um ajuste positivo à turbulência, a partir da ativação das capacidades de enfrentamento (coping), de recuperação, de adaptação e de se desenvolver.

A resiliência pode ser entendida como uma característica de objetos, indivíduos, organizações e sistemas (Denhardt & Denhardt, 2010). A resiliência psicológica é definida como a capacidade de seguir em frente de maneira positiva a partir de experiências adversas, negativas ou positivas, traumáticas ou estressantes; é um conceito amplo que se refere a processos ou padrões de adaptação positiva e desenvolvimento, em um contexto de risco e adversidade (Zautra, Hall & Murray, 2010; Ong, Bergman & Chow, 2010; Luthar, Cicchetti & Becker, 2000). Resistir, lidar/enfrentar e reagir de modo produtivo em situações adversas e de alta pressão é o resultado alcançado por quem é resiliente. A resiliência é uma capacidade complexa que resulta da soma de diversos aspectos.

Na resposta adaptativa dos indivíduos e da organização diante de descontinuidades sistemáticas e rupturas de maior vulto, observam-se dois níveis de análise da resiliência: a resiliência das pessoas no ambiente organizacional e a resiliência das organizações - na verdade, um resultado resiliente em face de rupturas dessa envergadura envolve especificidades da indústria, da região e do trabalho demandado, e depende da ação de múltiplos atores: empresas, governos, sociedade e indivíduos, que são essenciais para que se possa analisar e gerenciar as mudanças, gerando condições de adaptação.

Então, podemos começar melhorando aspectos da sua resiliência, o que pode ajudar nas respostas para as perguntas acima.

Dicas que podem ser aplicadas por profissionais, líderes em organizações e empreendedores, para mudar o padrão de respostas ineficazes e partir para a solução, ao se depararem com adversidades:

1) Existe uma parte da situação que você pode mudar ou influenciar. Aceite que existe também o que você não controla e não pode mudar. Atue no que você pode controlar;

2) Buscar culpados não resolve nada. Pense no que você pode fazer para solucionar ou como pode influenciar terceiros ou outros meios para gerar soluções. Diante do erro, só existe aprendizado se quem errou tem condições de se responsabilizar pela solução.

3) Isole o problema das outras áreas de sua vida. Limite o alcance da adversidade.

4) Lembre-se que a duração das adversidades também é limitada: pode demorar mas não vai durar para sempre.

5) Antes de reclamar sobre alguma coisa, pare e pense no que você gostaria que acontecesse e peça: substitua reclamações por solicitações.


Quer desenvolver resiliência? Sua empresa precisa de gestores e profissionais preparados para lidar com turbulência, incerteza e ambiguidade?

Palestras, capacitação (treinamentos & workshops), conversas de desenvolvimento, coaching e assessments – via zoom ou presencial, quando permitido.

Abordagens individuais ou de grupos, com treinamento e coaching – via zoom ou presencial, quando permitido.

Entre em contato: contato@consultingcg.com.br

Para saber mais:

COOPERRIDER, David L.; WHITNEY, Diana. What is appreciative inquiry. 2011.

DENHARDT, Janet; DENHARDT, Robert. Building organizational resilience and adaptive management. Handbook of adult resilience, p. 333-349, 2010.

GOLDSCHMIDT, C.C; PAIVA, K.; IRIGARAY, H.A.R. Organizational resilience: proposition for an integrated model and research agenda. In: TMS TOURISM & MANAGEMENT STUDIES, Algarve, Portugal, 2016.

LENGNICK-HALL, C. A.; BECK, T. E. Beyond bouncing back: The concept of organizational resilience. In: National Academy of Management meetings, Seattle, WA. 2003.

LUTHAR, S.S., CICCHETTI, D., e BECKER, B. The construct of resilience: a critical evaluation and guidelines for future work. Child Development 71, p. 543–562, 2000..

ONG, Anthony D.; BERGEMAN, C. S.; CHOW, Sy-Miin. Positive emotions as a basic building block of resilience in adulthood. Hanbook of Adult Resilience, p. 81-93, 2010.

STEFANO, Rhandy Di. O líder coach – líderes criando líderes. 1. ed. Brasil: Qualitymark, 2009.

STOLTZ, Paul G. Adversity quotient: turning obstacles into opportunities. John Wiley & Sons, 1997.

ZAUTRA, Alex J.; HALL, John Stuart; MURRAY, Kate E. A New Definition of Health for People and Communities. Handbook of adult resilience, p. 1, 2010

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